sábado, 6 de abril de 2013

Museu

Naquele momento, eu queria me afogar em bebidas, mas, para o meu azar, eu sou um ótimo nadador.
Tudo bem, eu sei que é um pensamento genérico, mas, não é isso que ser adulto significa? Encarar os seus problemas, ou se entregar ao primeiro copo de bebida? Ao último cigarro aceso?
Sinto falta daquela juvelinidade, dos saudosos tempos em que não haviam problemas – ou, ao menos, parecia não haver. Passado.
Nunca fui de deixar o passado de lado, como é possível notar. É como se eu fosse um prisioneiro, e as lembranças fossem como aquelas grandes bolas de ferro, acorrentadas ao meu corpo e mente. Estou sempre sentado na sala, encarando a entrada, como se alguma memória fosse, a qualquer momento, bater na porta para dizer: "olá".
Eu já senti sua falta várias vezes, em vários pontos. Bem, isso é inútil, diga-se de passagem. Se a saudade fosse algo bom, traria de volta tudo aquilo que um dia amamos: entes queridos, amigos, amores, momentos. Mas a saudade é só um museu obscuro, aonde é guardado tudo o que um dia você gostou, e então, cobram um preço alto pela exposição.
Naquele momento, eu me agarrei à nostalgia, e não queria mais soltá-la.